domingo, 24 de fevereiro de 2013

O Oscar que Joaquin deveria ganhar

Se você fosse apostar uma grana naquelas casas de apostas de Londres sobre qual ator ganhará hoje o Oscar de melhor ator, em quem você depositaria suas economias?

Muito provavelmente sua resposta foi Daniel Day-Lewis, e não é por menos. O cara é um dos grandes favoritos, e dificilmente perde a estatueta.

Não entremos aqui em discussões sobre a real importância de um Oscar atualmente, prêmio muito mais ligado à política e glamour do que excelência técnica.

Sendo assim, chegamos ao objetivo deste texto: honrar uma atuação que provavelmente será esquecida pela Academia e é simplesmente uma das melhores da história.

"O Mestre" é um típico filme de Paul Thomas Anderson - história interessante, roteiro inteligente, direção criativa e interpretações precisas. No longa, Freddie Quell (Joaquin Phoenix) é um veterano de guerra que volta para casa sem rumo, incerto sobre seu futuro e sem coragem de retomar contato com sua paixão pré-guerra.

Vagando pelos EUA, Freddie conhece o professor/filósofo/profeta/líder de culto Lancaster Dodd (Philip Seymour Hoffman), e se envolve com "A Causa", como é denominada a seita que Lancaster lidera.
Joaquin entrega uma interpretação acima de tudo física; ele exibe um conjunto de características visuais (passos tortos, corcunda, trejeitos) absolutamente embasbacante.

Além disso, constrói um personagem psicologicamente partido entre as lembranças da guerra e idealizações de uma vida que não consegue atingir.

O resultado é um homem perturbado, alcoólatra, violento e incapaz de viver em sociedade.
São muitas as razões que tornam esse filme excelente - desde as grandes interpretações de Seymour Hoffman e Amy Adams, passando pela sempre exótica direção de Paul Thomas Anderson e pelas situações insólitas do roteiro.

Mas nenhum desses itens é tão espetacular quanto a atuação de Joaquin Phoenix, um porto-riquenho radicado nos EUA, figura singular entre as celebridades hollywoodianas.
Alguns podem dizer que o simples fato dele ter sido indicado ao Oscar já é uma vitória, mas quem assistiu "O Mestre" sabe que a estatueta deveria ir para Phoenix.